
CRESCIMENTO OU EXPANSÃO
O nosso mercado de autopeças, basicamente, teve o privilégio de manter suas atividades normais, durante a pandemia Covid 19, não obstante alguns fatores desfavoráveis foram levados em conta pela queda de demanda. Mas as perguntas aparecem: Como foi o ano? A sua empresa cresceu? E por ai vai. A resposta quase sempre é: Crescemos 10%. Na realidade a resposta quase sempre fica vaga.
Afinal, o que é crescer? Se houve aumento de faturamento sobre o ano anterior, por ‘ hipótese, presume-se que faturava 100, passou a faturar 110,00, dando a entender que cresceu 10%.
Como as empresas, em sua maioria, não consegue medir a inflação sobre os produtos que comercializam e, por consequência, por estimativa, pudesse ter havido inflação de 6%, fica claro que aqueles 10% mencionados acima, num cálculo simples, os 100 ficaria 106 e os 110 sobre 106 menos 100 seria igual a 3,77% de aumento. Portanto, cada qual coloque os seus números e veja o resultado.
Não avalio as condições do software que cada empresa possui e que possa dar todo o suporte de informações, mas outro fator preponderante, que merece a devida análise é quando a empresa se obriga a diminuir a margem de contribuição, pela pressão da concorrência, digamos, diminuindo-a de 30% (142,86) para 25% (133,33).
Veja o que acontece: Imaginemos uma empresa que tem hipoteticamente o valor de R$35.000,00 de despesas fixas e 8% de variáveis, com margem de 30% menos 8% = 22. Ou seja, 35.000,00 dividido por 22, necessitaria um faturamento de R$159.090,90, apenas para atingir ponto de equilíbrio.
Se mantiver os mesmos R$35 mil fixo e 8% variável, caindo a margem de 30% para 25%, usando o mesmo cálculo, teria que aumentar o faturamento: 35.000,00 dividido por 22 = R$205.882,35.
Ou seja: mesmo aumentando o faturamento de 159.090,00 (margem de 30%) para 205.882,35 (margem de 25%) = 29,41% de aumento de faturamento, não obteria nenhum crescimento, mas atingiria apenas o Ponto de Equilíbrio, isto é, o ponto onde a empresa consegue pagar todas as despesas fixas, variáveis e o custo das mercadorias, porém não estaria crescendo.
Assim, o aumento de vendas nem sempre é crescimento, mas pode começar a inchar a empresa, aumentando os riscos de inadimplências e os custos com pessoal e com os financeiros com a manutenção de capital de giro, etc.
Posso citar ter trabalhado para uma empresa que por questões de estratégia política, tinha por princípio abrir filiais em várias cidades, sem que o faturamento viesse a justificar o investimento sob o aspecto econômico.
Essa empresa tinha um representante externo que cobria uma determinada região e vendia 100. O seu único custo era de 3% de comissão sobre venda.
A matriz resolvera sob o argumento de que, para atender melhor aquele mercado e melhorar a sua participação era necessário abrir uma filial. Como o faturamento no total, ao longo do tempo, continuasse com os mesmos 100, porém, com investimentos fixos na estrutura, despesas com aumento do quadro de pessoal, não crescera economicamente, ao contrário, decresceu em seus resultados e, por consequência, prejuízos!
Fica claro que a abertura de cada ponto de venda deve ser autossustentável como se fosse um negócio único, porque como filial mesmo que viesse, ainda, a representar um aumento nas vendas, seria necessário verificar se o negócio é rentável. Isto vai definir se a empresa abrindo uma filial está apenas se expandindo ou crescendo.
Assim, a forma simples exposta nestes comentários quer mostrar que nem sempre o aumento de vendas, significa resultado positivo, se não forem levadas em consideração as possíveis variações diversas que surgem no dia a dia. Enfim, cada empresário pode utilizar os números que se lhe apresenta em sua empresa.
Portanto, neste período tão incomum que estamos sendo submetidos pela epidemia que ainda continua sinalizando cuidados sanitários, temos as crises econômicas pelas quais passa a economia brasileira, incertezas políticas, descontroles inflacionário, preços insustentáveis dos constantes aumentos dos combustíveis, aumento de juros, e, que, certamente vai refrear a movimentação da frota circulante, somados ao ano de eleição, reprimindo o consumo; tudo isso poderá indicar melhor cuidados administrativos e financeiros, e como se diz popularmente: “andar mais com os pés no chão”!
Por oportuno, já ouvimos algum dia alguém dizer: ”Quando nos amparamos na força alheia, temos a intenção de que o outro faça esforço por nós, mas quando vemos os outros como fonte de nutrição e estímulo, há a plena consciência de que o esforço é nosso”. Isto deve valer para qualquer empreendimento e/ou em nossa atividade profissional.
Sucesso sempre crescente a todos!
Genésio Francisco Guariente
28-02-2022